Monday, July 05, 2010

Dica de Filme: Match Point




Realizado por Woody Allen
Com Scarlett Johanson, Johathan Rhys, Matthew Goode

No final de 2005, Woody Allen completou 70 anos. A marca poderia significar uma espécie de "ponto final" na carreira de um cineasta, principalmente num mercado cruel e competitivo como o norte-americano, sempre devorador de novidades descartáveis.

Mas não, exactamente no ano em que se tornou septuagenário, Allen teve força e talento mais do que suficientes para reinventar sua carreira. Trocou a sua amada Nova York por Londres, conseguiu investidores europeus e decidiu filmar um drama de paixões, traições e suspense, quase diametralmente oposto às suas famosas comédias ligeiras.
Match Point começa com uma bela cena enigmática que ilustra a famosa questão de "ter sorte na vida". Uma rede divide um court de ténis.

A bolinha passa pra lá e pra cá, embora não vejamos os jogadores. De repente, ela raspa na rede e ganha altura. Tudo será apenas uma questão de décimos de segundos e décimos de milímetros para que se defina quem ganha e quem perde. No ténis e na vida. Feita a parábola, começa a acção propriamente dita.

Chris Wilton (Jonathan Rhys Meyers) é um tenista irlandês que quase se tornou num dos grandes profissionais do desporto. Derrotado nos grandes circuitos internacionais, ele é um "quase famoso" que conviveu com os maiores do desporto mas agora dá aulas de ténis num exclusivíssimo clube londrino. Rapidamente (e por gostar de ópera) ele faz amizade com Tom (Matthew Goode), um jovem inglês de família riquíssima e aproximasse romanticamente por Chloe, a irmã de Tom.

Se para Chris a ascensão social não foi possível por meio do desporto, por que não tentar outra vez, via casamento? Tudo resultaria se não fosse pela irresistível paixão/ tensão/ encanto/ maluquice que a bela americana Nola (Scarlet Johansson) desencadeia no rapaz.

Está então montado um autêntico quadrado amoroso, um tabuleiro dum jogo milimétrico que vai envolver minuciosamente estes quatro personagens (e mais outros que entrarão depois) numa das mais envolventes e inteligentes histórias do ano.
Allen cria algo novo e diferente na sua já vasta filmografia, um drama de suspense praticamente sem nenhum humor.

Um filme dirigido com total maturidade e uma sobriedade tipicamente britânica. E para marcar todas estas mudanças também no aspecto sonoro, nada de jazz na banda sonora, somente trágicas óperas de Verdi ou Bizet. O elenco está muito bem com Johansson em grande, sem duvida uma das grandes actrizes da actualidade. Johansson combina o seu charme com uma interpretação muito boa. Já agora, para quem gosta de números, é também o filme mais longo de Woody Allen com 124 minutos.

Sem duvida mais uma grande obra do realizador americano. O filme teve nomeações para os Óscares e Globos de Ouro, certamente diz muito da qualidade desta obra, o mesmo já não se pode dizer de Scoop, o filme que lhe sucedeu, um autêntico fracasso em comparação com Match Point.

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